IMPORTÂNCIA E VALOR DAS “VINTE E QUATRO HORAS DA PAIXÃO DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO”
Luísa, Livro do Céu, vol.7 – 9 de novembro de 1906.
Efeitos de sempre meditar na Paixão.
Encontrando-me no meu estado habitual, estava a pensar na Paixão de nosso Senhor, e enquanto fazia isto, Ele veio e disse-me:
“Minha filha, agrada-Me tanto quem vai meditando sempre na Minha Paixão, a sente e se compadece de Mim, que me sinto recompensado por tudo aquilo que sofri durante a Minha Paixão, e a alma, meditando sempre nela, prepara um alimento contínuo, e neste alimento existem diversos temperos e sabores que produzem diversos efeitos. Assim, como durante a Minha Paixão me deram cordas e correntes para me prenderem, assim a alma me desata e me dá a liberdade; eles desprezaram-Me, escarraram-Me e desonraram-Me; ela estima-Me, limpa-Me daqueles escarros e honra-Me; eles despiram-Me e flagelaram-Me; ela cura-Me e veste-Me; eles coroaram-Me de espinhos tratando-Me como falso rei, amargaram-Me a boca com fel e crucificaram-Me; a alma, meditando todas as Minhas penas, coroa-Me de glória e honra-Me como seu Rei, enche-Me a boca de doçura, dando-Me o alimento mais delicioso, que é a memória das Minhas próprias obras, e, despregando-Me da Cruz, faz-Me ressuscitar no seu coração. Dou-lhe, como recompensa, cada vez que faz isto, uma nova vida de graça, de modo que ela é o Meu alimento, e Eu, faço-Me seu alimento contínuo. Por isso, a coisa que mais Me agrada é o meditar sempre na Minha Paixão.”
PUBLICAÇÃO DE UMA CARTA ENVIADA PELA PIEDOSA AUTORA AO REV.DO CÔN. ANÍBAL DI FRANCIA
«Reverendíssimo Padre,
Eis que finalmente lhe envio as Horas escritas da Paixão, e tudo para glória de Nosso Senhor. Incluo também outro folheto que contém os afetos e as lindas promessas de Jesus para quem pratica estas Horas da Paixão. Julgo que se quem as meditar é pecador, se converterá; se é imperfeito, tornar-se-á perfeito; se é santo, será mais santo; se é tentado, triunfará; se é sofredor, encontrará nestas Horas a força, o remédio e o conforto; e se a sua alma é frágil e pobre, encontrará o alimento espiritual e um espelho onde se admirará continuamente para ataviar-se e tornar-se semelhante a Jesus, nosso modelo. O deleite que Jesus abençoado haure da meditação destas Horas é tão grande que desejaria que destas meditações houvesse pelo menos um exemplar para cada cidade ou aldeia e elas fossem praticadas; então, nessas reparações Jesus sentiria reproduzir-se a sua própria voz e as suas orações, que ela dirigia ao seu Pai nas 24 Horas da sua dolorosa Paixão; e se isto fosse feito em cada aldeia ou cidade por algumas almas, Jesus parece fazer-me entender que a Justiça divina ficaria parcialmente aplacada e em parte terminariam e seriam interrompidos os seus flagelos nestes tristes tempos de desgraça e de derramamento de sangue. Reverendo Padre, dirija este apelo a todos: cumpra assim a pequena obra que o meu amável Jesus me realizar. Digo-lhe também que o objetivo destas Horas da Paixão não é tanto de narrar a história da Paixão, dado que existem muitos livros que abordam este piedoso tema, e não seria necessário escrever outro; mas a sua finalidade é a reparação, unindo os vários pontos da Paixão de Nosso Senhor à diversidade de tantas ofensas e, juntamente com Jesus, fazer a digna reparação das mesmas, fazendo-lhe quase tudo aquilo que todas as criaturas lhe devem; e daqui os vários modos de reparação; nestas Horas, isto é, em alguns trechos abençoa-se e em outros compadece-se; em alguns louva[1]se e em outros conforta-se o sofredor; em alguns compensa-se e em outros suplica-se, reza-se e pede-se. Por isso deixo-lhe, Reverendo Padre, [a tarefa] de tornar conhecida a finalidade destes escritos com um prefácio».